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I Encontro Farmale: Uma conversa sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais com a Dra Giovana Zibetti
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III Encontro Farmale: Ostomia e Doenças Inflamatórias Intestinais
I will beat IBD
Ali Jawad, paratleta do halterofilismo com doença de Crohn: Você é uma inspiração para todos nós!
II Encontro Farmale - Diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais: Investigação Endoscópica Palestrante: Dr Flavio Abby
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Compartilhando o Texto Exemplar de Ligia Moreiras Sena

Não tenho nada, absolutamente nada à acrescentar nesse texto, somente um elogio, perfeito.



"Mãe, aculpa é sua

Desde segunda-feira, 2, circulam pelas redes sociais alguns links, postagens e comentários que têm um ponto em comum. Um ponto que está sendo negligenciado em função de uma cegueira social bem séria e importante, cujas consequências vão muito mais longe do que a gente pensa. Este curto post tem, portanto, somente um objetivo: trazê-lo à tona e chamá-lo à conversa. Não pretende discutir ou aprofundar. Pretende perguntar. Apenas isso.

O estudante de engenharia elétrica Humberto Moura Fonseca morreu por overdose de bebida alcoólica, no último sábado, na cidade de Bauru, em uma festa universitária. O jornal O Estado de S. Paulo publicou então nesta quarta-feira, 4, uma breve entrevista com a mãe do estudante. A ela foram feitas perguntas como "A senhora sabe em que circunstâncias seu filho morreu?", "A senhora tomou alguma providência?", "A senhora sabia que seu filho consumia bebida alcoólica?".

O portal Pragmatismo Político repercutiu na terça-feira, 3, uma entrevista feita pela Revista Crescer com a senhora Olinda Boturi. Ela é mãe de Jair Bolsonaro, deputado federal pelo PP do Rio de Janeiro, aquele sujeito com claros problemas emocionais, éticos e humanos, e que vem colecionando afirmações terrivelmente absurdas contra grupos oprimidos, especialmente contra nós, mulheres, lutando para que tenhamos salários menores - como se isso fosse necessário, como se isso já não acontecesse - em função da possibilidade que temos de engravidar, entre insanidades advindas de profundos desvios de empatia. Dona Olinda afirma veementemente que nunca o maltratou, que nunca defendeu que crianças apanhassem e que crianças devem ser educadas com conversa. E que não consegue entender o atual comportamento impulsivo e bruto de seu filho, que era uma criança "digna, amorosa, humilde, mansa, reservada, quieta"...

Uma empresa pertencente a (como eu posso definir Luciano Huck? Socialite? Apresentador? Comediante? Empresário? Sem noção? Caçador de polêmicas baseadas em preconceito e discriminação? Dono de pousada em Área de Proteção Ambiental?) colocou à venda camisetas supostamente "infantis" com dizeres como "Vem ni mim que eu tô facin", utilizando crianças como modelos. Os grupos feministas e de defesa das crianças vieram todos a público repudiar esse extremo mau gosto e falta de noção, que vulnerabiliza e expõe as crianças, e a pressão popular causou a retirada do anúncio do ar. Tão rápida e ostensiva quanto a veiculação e divulgação desse detestável anúncio também foi a exposição do rostinho das crianças. E tão logo isso aconteceu, lá veio o tribunal inquisidor culpar não a empresa, mas as mães das crianças, com perguntas como "Onde está a mãe dessa criança que permitiu isso?!".

As perguntas feitas à mãe do estudante morto no sábado foram extremamente culpabilizantes. Vejo não um jornalista as fazendo, mas um investigador policial. O tom das respostas de Dona Olinda são de justificativa, de busca de uma suposta mea culpa, até mesmo de melancolia. E não sei como estão se sentindo agora as mães das crianças em cujas camisetas brancas e sem dizeres foram aplicados, posteriormente, com ferramentas digitais, os dizeres absurdos da empresa de Huck, ao se virem culpabilizadas pelo Tribunal Inquisidor Feicibuqueano.

Então, eu só gostaria de fazer algumas perguntas: E OS PAIS? E os homens? Cadê eles em todas essas histórias? Por que o foco nas mães? Onde estão os homens criadores? Onde estão os homens cuidadores? Cadê eles na conversa? Onde eles estão? Onde estavam? Quem são? Onde vivem? O que estão fazendo? De quem a sociedade quer que seja toda a culpa?

Mas, calma. Tenhamos calma. Não sejamos feminazis, xiitas, radicais. Estamos na semana do Dia Internacional da Mulher e vamos ganhar muitas, muitas flores. E descontos para produtos de beleza a fim de ficarmos mais atraentes. E duas depilações por uma. E bombons diet. E as flores do tiozinho que as oferece nos bares para o cara honrar a namorada que está ao lado vão vender como água. E vai ficar tudo bem, não vai?
Não. É claro que não vai.
Porque enquanto assim for, assim será.

Fim do post.
Ah, e uma feliz Semana da Mulher pra você.

Ligia Moreiras Sena é cientista. E mãe. Autora do blog Cientista Que Virou Mãe e do livro "Educar sem violência - criando filhos sem palmadas"."

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