Em 2011 após dois anos de problemas em casa, no trabalho, crises constantes de ansiedade e alimentação praticamente baseada em fast-food tive o início dos sintomas. De lá para cá foram anos de tortura, dores abdominais, vomitos frequentes, perda de peso, idas ao banheiro sempre cheias de sangue e muco, no total ao menos 20 ao dia.
Até que em 2014, após muitos julgamentos, saúde totalmente fragilizada e anos de exames que só tinham resultados normais me fazendo crer que todos aqueles sintomas eram psicológicos: colonoscopia com conclusão de retocolite ulcertativa inespecífica crônica. Confesso que apesar da gravidade da doença eu fiquei aliviada por finalmente chegar ao diagnóstico e poder tratá-la. De lá pra cá foram inúmeros altos e baixos, crises feias onde eu perdia mais de 10 kg e não conseguia sequer comer, dietas totalmente restritas onde eu passei a além de tudo perder o prazer de viver já que nem comer eu podia. Junto com isso veio o fator depressivo, afinal quem aguenta anos deixando de fazer o gosta, se isolando e perdendo viagens, aniversários e emprego por conta da doença? Com a nova crise em 2015 veio também o desânimo e a vontade de morrer já que nada melhorava. Eu tive épocas pouco melhores mas nunca estive em remissão e sem sintomas, até que no ano passado tive outra crise terrível onde perdi muito sangue e fiquei com uma anemia profunda. Tentei a partir daí doses imensas de corticóide, mesalazina na dosagem máxima e azatioprina. Esse último quase me matou de vez pois não conseguia sequer sair da cama com mal estar, vômitos e dores de estômago, meu organismo rejeitou a medicação e tive início de pancreatite medicamentosa, segundo os médicos. Já sem saber o que fazer e desistindo mais uma vez de cursos, faculdade, perdendo o emprego, tentando vários tratamentos, coisas alternativas e ficando desde abril até setembro com essa crise horrível, em outubro veio a melhora ainda discreta, quando já ia entrar com medicação biológica já que mesalazina, corticoide e azatioprina não resolveram. Em outubro veio também o novo diagnóstico, de doença de Crohn. Em novembro, começando a comer novamente de tudo (mas ainda evitando besteiras com frequência) descobri uma gravidez que pegou todos de surpresa, mas foram os melhores meses da minha vida, ganhei 30 kg pois podia comer de tudo, até coisas bobas como saladas, feijão, carne de porco, porque não me sentia mal com nada. No dia 10/07/2017 l Luigi chegou ao mundo mas no terceiro dia após o parto seguido de intesa falta de ar e taquicardia descobrimos uma miocardiopatia pós parto e edema pulmonar devido ao problema cardíaco. Fui interna na UTI e entubada as pressas. Essa condição é rara e não se pode afimar com certeza mas os médicos acreditam que o fator autoimune a doença colaborou para que surgisse a miocardiopatia. Estou proibida de ter uma nova gestação pois o risco de ter novamente esse problema é muito alto. Passado o susto e tratamento cardíaco eu continuo dosagem máxima de mesalazina e me sentindo bem como na gravidez hoje finalmente acho que estou em remissão (não posso fazer colono ainda) mas sumiram todos os sintomas, sumiram a anemia que foi tratada por meses, o cansaço, as dores no corpo e os enjoos. Tenho vida normal agora e meu diagnóstico foi aberto novamente pois o especialista que finalmente encontrei acredita ser retocolite e não doença de Crohn. Depois de toda essa tempestade nessa semana tive alta do tratamento cardíaco pós o parto, continuo com a dieta quase sem restrições, procuro só não abusar e estou tendo vida normal e curtindo muito meu bebê! Se eu pudesse dar um conselho seria para não deixar a doença ser mais importante que você e maior que seus sonhos. Quando eu vivia em função dela, passando horas na internet procurando um traramento milagroso e desanimada esperando a morte vir eu nunca melhorava. A partir do momento em que eu simplesmente parei de dar importância demais a ela, sumiu. Fases ruins vão e vêm, não só nessa doença mas em todos aspectos da vida. Sei que as crises ainda virão outras vezes, mas agora só o que ocupa meus pensamentos são o meu filho lindo, meu marido que esteve ao meu lado desde o início e os planos que faço com eles. A DII e suas complicações não irão me vencer!
Meu nome é Cíntia F. Marinho, sou de Mauá-SP, tenho 26 anos e atualmente Dona de Casa, com diagnóstico ainda em investigação. Meu perfil no Facebook: www.facebook.com/cintiaferreiramarinho
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