As DII estão presentes em quase todo o mundo, com exceção de alguns
países da África e da Ásia, talvez pelo fato de serem doenças de
centros urbanos. Na última década, os países da América Latina apresentaram
crescimento de 3 a 4 vezes no número de novos casos em relação à
década anterior, com incidência maior de 75% e 117% em relação à colite
e doença de Crohn, respectivamente. Um estudo de epidemiologia clínica
de colite ulcerativa no México, realizado em período de 20 anos, mostrou
que a média de novos casos aumentou anualmente de 28,8 para 76,1.
Além disso, entre 1996 e 2003 apenas 12 pacientes foram diagnosticados
com doença de Crohn, enquanto entre 2004 e 2011 esse número subiu
para 46.
“O rápido encaminhamento ao médico
gastroenterologista favorece o tratamento e evita piores resultados. Já
o profissional responsável deve ficar atento para manifestações extraintestinais,
que podem aparecer em articulações, pele, olhos, rins e outros
locais. Por isso, alguns exames são essenciais para o diagnóstico, como
endoscopia, histologia, radiografia, exames físicos e laboratoriais, além
do curso clínico dos sintomas”, pontua DR. Jesús Kazuo Yamamoto Furusho, presidente da PANCCO.
No Brasil, surge um novo caso de DII por dia. Estudos realizados em São Paulo, Piauí, Chile e Buenos Aires mostram
que a incidência de DII está aumentando em toda a América Latina.
Outros países que estão mudando o padrão de comportamento também
chamam a atenção pelos números: Hong Kong e Coreia do Sul apresentaram
aumento de DII, principalmente em relação à doença de Crohn, que
foi de 150%, contra 136% na colite ulcerativa. Observamos também que
os pacientes vivenciam a doença em três níveis: inflamatória, estenosante
– quando há o estreitamento intestinal – e fistulizante, com fístulas ou
abscessos”, explica o médico Jesús K. Yamamoto-Furusho. De acordo com a PANCCO, entre as barreiras encontradas está o diagnóstico
tardio na maioria dos pacientes, sendo de 5 a 8 anos para doença
de Crohn e de 3 a 5 anos para colite ulcerativa. Além disso, 85% dos pacientes visitaram pelo menos três especialistas para chegar ao diagnóstico
correto. Entre as consequências clínicas do atraso no diagnóstico
estão baixa qualidade de vida, maior número de recaídas e maior risco
para câncer, infecção e anemia.
Como são doenças presentes em áreas do corpo pouco
comentadas e têm sintomas desagradáveis, os pacientes não falam abertamente
sobre o assunto e, com isso, sofrem forte impacto – principalmente
os jovens –, reforçando a necessidade de acesso ao tratamento
psicossocial. A boa notícia é que, atualmente, o tratamento evoluiu muito.
Hoje, poucos pacientes usam bolsas, diminuiu o número de cirurgias e o
tratamento com biológicos melhorou muito a qualidade de vida.
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