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Estamos entrando na temida era pós-antibióticos

A mortal e imbatível bactéria E. coli MCR-1 chegou ao Brasil.


Para quem (eu!)  vem acompanhando o blog Pediatra do Futuro, não deve ser novidade, pois desde o início de junho o Dr Flávio Melo, responsável pelo blog, já estava alertando para esta possibilidade.

"Desde a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928 e suas milhões de vidas salvas, encaramos os antibióticos como drogas milagrosas, mas não contávamos com a astúcia das bactérias. Pensávamos que nunca chegaria o dia onde existiria uma bactéria resistente a todos os antibióticos." Dr Flávio Melo

Será que não contávamos? Digo aqui os profissionais de saúde. Será mesmo que estes não contavam com isso?

Ano passado, na China, um grupo de cientistas encontrou em um paciente que comeu carne de porco contaminada uma bactéria chamada E. coli  (conheço bem, trabalhei com ela no meu mestrado) – bastante comum em infecções intestinais por alimentos e água contaminados – que resistiu a todos os antibióticos e portava o temido gene MCR-1.

A última alternativa pensada para essas bactérias era o antibiótico colistina ou polimixina E, descoberto nos idos de 1949, que havia ficado esquecido na medicina, mas era e é usado largamente na produção animal (inclusive no Brasil). Era o último recurso para algumas infecções como a temida KPC.

é usado largamente na produção animal (inclusive no Brasil).” Essa parte me faz refletir sobre tudo aquilo que leio do veganismo, não é só uma questão de amor aos animais, vai muito além e as justificativas que os veganos utilizam para convencer de que o veganismo é uma solução inteligente para deixarmos de consumir produtos de origem animal. Existem outras soluções também, como os orgânicos e o mais óbvio, fiscalização eficiente e conscientização sobre o risco do uso indiscriminado dos antibióticos. Para aqueles que acham radicalismo ser vegano, existem outras soluções, mas chegamos em um ponto onde não vejo a luz no fim do túnel e veja bem o porquê:
  • Depois de muito uso indiscriminado, as bactérias aparentemente desenvolveram mecanismos sofisticadíssimos de resistência, pela mudança e transferência de DNA entre elas e a tragédia aconteceu.
  • Bactérias carregando o gene mcr-1 foram encontradas tanto em humanos como em animais de produção, levantando suspeitas sobre a existência de uma cadeia de disseminação da resistência à colistina, que começa no uso do antibiótico no tratamento de animais, propagando para os animais abatidos, alimentos derivados de animais e o meio ambiente como um todo. Na agropecuária o antibiótico colistina é usado como promotor de crescimento.



"No Brasil, no início deste ano, nosso grupo de pesquisa identificou pela primeira vez a presença do gene mcr-1 em animais de produção das regiões Sudeste (São Paulo e Minas Gerais) e Sul (Paraná e Santa Catarina), o que deve ser considerado uma urgência epidemiológica e um alerta para as implicações no agronegócio, visto que o país é um grande produtor e exportador de produtos de origem animal – alertou o pesquisador Nilton Lincopan, coautor dos estudos publicados nos periódicos Eurosurveillance e Antimicrobial Agents and Chemotherapy." Fonte: http://migre.me/uExQR

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/o-fim-dos-antibioticos-as-bacterias-venceram/

E por que devemos encarar isso como uma tragédia?


Segundo o Dr Flávio, a explicação é simples:

Caso um paciente adquira esse tipo de Super E coli, o que poderemos fazer é dar tratamento de suporte e rezar para que ele se recupere. Não há alternativa, acabamos com nossas balas de prata matando ratinhos e o lobisomem chegou.

Quando a bactéria estava restrita à China e você pensava: “Tudo bem, eles que se virem”. Desculpe minha colocação aqui, mas um pensamento bem egoísta e empatia zero, concorda? Além do esquecimento sobre um detalhe importante: globalização.

Com a globalização não há praticamente nenhuma doença ou problema relacionado às infecções, com potencial de transmissão, que se restrinja a um país. Lembra do vírus Zika?

E a E. coli MCR-1 começou a se espalhar até chegar nos EUA em maio. E mesmo os países europeus, que proíbem o uso de antibióticos como a colistina na produção animal, já tem a bactéria por lá. Nesse caso, trazida mais recentemente na Suíça, em inocentes legumes congelados importados da Tailândia.

O grande problema é que usamos e abusamos dos antibióticos e o ritmo de descoberta destes pela ciência farmacêutica foi declinando tanto, que desde os anos 70 não se tem uma nova classe ou grupo de antibióticos. E as bactérias mudando e se adaptando aos nossos ataques.


Fico em êxtase lendo o texto do Dr Flávio!


“E além dos cuidados com o uso indiscriminado de antibióticos na produção animal, temos que agir urgentemente no uso médico indiscriminado de antibióticos (maiores responsáveis) e as crianças são as maiores vítimas disso, com consequências graves a curto e longo prazo. Quando falei para fugirem dos médicos que ao menor sinal de garganta vermelha prescrevem antibióticos, é exatamente no sentido de evitar todo esse problema que estamos enfrentando. ”

E levanta duas questões fundamentais:

  • O que pode ser feito na prática agora? 
  • O que você pode dialogar com seu médico pediatra?

 Claro que ele não deixou essas perguntas no ar, sem respostas, pois é um profissional exemplar que não permite deixar seus pacientes alienados, o Dr Flávio é daqueles médicos que entendem que empoderar o paciente é olhar de verdade pela segurança deste e contribuir para uma sociedade mais crítica e participativa.

Fonte: http://www.pediatradofuturo.com.br/o-fim-dos-antibioticos-as-bacterias-venceram/

Aqui estão as dicas valiosas do Dr Flávio para que a gente também possa participar da mudança que tanto queremos ver, da mudança que tanto falamos e não praticamos.

Seguem abaixo 10 passos para reduzir o uso indiscriminado de antibióticos em crianças, principalmente nas fatídicas e inevitáveis viroses (eita, lá vem médico falando em viroses… tudo é virose!!) que acontecem no seu filho:

  • A grande maioria das infecções agudas febris nas crianças são por vírus e estes não respondem à antibióticos.
  • Em crianças de 6 meses a 2 anos que frequentam creches/escolinhas, podem ocorrer de 6 a 12 infecções virais por ano, que causam catarro, tosse, diarreia e dores de garganta.
  • As otites médias agudas são na grande maioria causadas por vírus e em maiores de 6 meses, com bom estado clínico e exame do ouvido bem feito, podemos evitar o uso de antibióticos apenas usando anti-inflamatórios/analgésicos.
  • A quase totalidade das bronquites agudas, com tosse e chiado no peito, são causadas por vírus e não precisam de antibióticos.
  • As faringites/amigdalites agudas em menores de 3 anos de idade quase na sua totalidade são causadas por vírus, em maiores de 3 anos de idade somente entre 5-20% são por bactérias e se a criança só está com irritação na garganta, sem febre, é quase 100% certo que é um vírus!!!!
  • A maioria das sinusites é causada por vírus e seu pediatra só pode começar a pensar em usar antibióticos a partir de 14 dias de tosse (a tal gripe mal curada…).
  • Caso seja indicado um antibiótico, esse deve ser pelo tempo adequado, em dose adequada e com o menor espectro possível (isso é problema do pediatra).
  • Não se deve mais usar a lincomicina (famosa fradermicina) para infecções em crianças.
  • Não se deve indicar sulfametoxazol para infecções respiratórias e urinárias (sem cultura) para crianças, cerca de 60-70% das bactérias são resistentes.
  • Se o seu filho tem que trocar sempre de antibióticos, não responde adequadamente aos tratamentos e se sua farmácia já está do tamanho do alfabeto, é muito importante verificar 2 coisas: imunidade e alergias.

“Vai ter gente me xingando, eu sei!”  Vai mesmo Dr Flávio, mas terão muitos, muitos aplaudindo, elogiando e compartilhando suas informações, como eu por exemplo.

Aí vai ter alguém que vai dizer assim: 
“- Mas esse Dr. Flávio é muito arrogante, fica querendo dar lição de moral nos médicos e na gente, uma Amoxicilinazinha pra garganta não faz mal pra ninguém!”
Ah, tá, antes que esqueça, tudo o que escrevi acima está com referências e a listinha acima está baseada em um documento sobre recomendações para o uso judicioso de antibióticos em crianças, do programa Choosing Wisely, com a Academia Americana de Pediatria.
Só há uma maneira de vencermos as bactérias: usando o cérebro e a razão!
Se você gostou, compartilhe com todos seus amigos!”

Se você gostou? Ah Dr Flavio, eu amei como todos os textos que o Sr escreve no seu blog!

O link para o texto completo do Dr Flavio é esse aqui e se eu fosse você guardava esse blog com muito carinho: http://www.pediatradofuturo.com.br/o-fim-dos-antibioticos-as-bacterias-venceram

No blog você pode baixar gratuitamente um e-book do Dr Flavio com 27 textos sobre os temas mais atuais, como H1N1, Zika, Imunidade e alimentação. 

Tem página no Facebook: https://www.facebook.com/flaviopediatra

Fontes:


Outras fontes interessantes:

Fonte: http://www.epmmagazine.com/news/post-antibiotic-era-may-soon-be-inevitable/



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