Hemorroidas são estruturas anatômicas
normais formadas por vasos sanguíneos comunicantes situados na parte interna do
canal anal. Quando esses vasos aumentam de tamanho, inflamam e produzem
sintomas surge a doença
hemorroidária. Ela pode ser interna,
situada dentro do canal anal, ou externa, situada na borda do ânus.
A doença hemorroidária tem múltiplas
causas com a característica comum de provocarem alterações na circulação
sanguínea dos vasos hemorroidários. Tais alterações podem ser decorrentes de
mudanças na consistência das fezes, esforço evacuatório, gravidez, trauma pelo
uso de papel higiênico e até fatores hereditários.
Aproximadamente metade das pessoas na
idade adulta tem ou já tiveram algum sintoma relacionado à doença
hemorroidária.
O sintoma mais comum da doença
hemorroidária é sangramento anal, geralmente indolor, que suja as fezes com
raias de sangue vivo ou em casos mais intensos chega a respingar no vaso
sanitário. O sangramento pode ser visível também no papel higiênico após a limpeza
do ânus. Outros sintomas comuns são coceira ou irritação no ânus, dor contínua
ou durante as evacuações, presença de prolapso – quando os mamilos
hemorroidários exteriorizam-se através do canal anal – nódulo anal doloroso e
presença de secreção viscosa no ânus (chamada de muco). Várias outras doenças
podem provocar sintomas parecidos com os da doença hemorroidária. É essencial
consultar um especialista para obter um diagnóstico adequado.
O tratamento da doença hemorroidária
inclui medidas simples de alterações comportamentais e dietéticas até uso de
medicamentos e tratamentos cirúrgicos.
O uso de dieta rica em fibras, com
aumento da ingestão de frutas e verduras, associado a ingestão de pelo menos
dois litros de água por dia pode regular o hábito intestinal e provocar
eliminação de fezes mais macias que diminuem o esforço evacuatório e o trauma
provocado pelas fezes ressecadas.
A melhor forma de higienização do ânus
após as evacuações é o uso de ducha higiênica com jato de água, sem necessidade
do uso de sabonetes. O papel higiênico é indicado apenas para secar a região,
com o menor atrito possível.
Tanto o atrito do papel higiênico
quando uso excessivo de sabonetes pioram os sintomas hemorroidários.
Em alguns casos o médico pode indicar
uso de medicamentos específicos para as veias hemorroidárias (chamados
flebotônicos), anti-inflamatórios e pomadas de uso tópico.
Quando as medidas higieno-dietéticas e
medicamentosas não surtem efeito pode ser indicado tratamento cirúrgico.
Existem várias opções cirúrgicas, desde a cirurgia clássica até tratamentos alternativos como ligadura
elástica e desarterialização e hemorroidopexia.
O padrão ouro para o tratamento
cirúrgico da doença hemorroidária é a retirada completa dos mamilos
hemorroidários por cirurgia. É a chamada hemorroidectomia clássica. Esse método
tem eficiência amplamente comprovada pela literatura médica ao longo das
últimas décadas, com baixo índice de recidiva da doença e de complicações. No
entanto é uma técnica com recuperação pós-operatória prolongada e que provoca
dor durante as evacuações por um período de até duas semanas após a cirurgia.
Para tentar superar esse problema
surgiram várias técnicas alternativas ao longo dos últimos anos, muitas delas
não resistiram ao longo do tempo devido à comprovação científica do baixo
índice de sucesso a longo prazo.
A ligadura elástica – técnica que pode
ser utilizada em consultório, sem necessidade de anestesia – é uma opção bem
eficaz e já testada por muito anos, para o tratamento de doença hemorroidária
leve.
A desarterialização e hemorroidopexia
emergiu nos últimos anos como opção cirúrgica “sem corte” com menos dor no
pós-operatório mas esse método ainda não acumulou evidências robustas na
literatura médica que garantam sucesso a longo prazo.
Dr. Helio Antonio Silva
Nenhum comentário:
Postar um comentário