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Anticorpos monoclonais

Anticorpos são proteínas produzidas no nosso organismo que ajudam o sistema imunológico a combater vírus, bactérias e células tumorais através do reconhecimento de um alvo em especial, o chamado antígeno. Com o avanço da biotecnologia, se tornou possível produzir em laboratório anticorpos monoclonais, ou seja, específicos para uma única região do antígeno. Esta nova tecnologia tornou os anticorpos monoclonais importantes ferramentas de diagnóstico em diversos exames laboratoriais e também são utilizados para o tratamento de diversas doenças.

Anticorpos são muito maiores, complexos e mais difíceis de serem produzidas do que as moléculas de medicamentos, em geral feitas por síntese química. Para produzir anticorpos, é preciso usar células como biofábricas. E o anticorpo produzido por uma célula pode ser diferente do gerado por outra da mesma variedade. Difíceis de serem obtidas, as linhagens produtoras de anticorpos precisam ser capazes de se reproduzir indefinidamente – característica compartilhada com as células tumorais.

Nos anos 1970 dois imunologistas, o alemão Georges Köhler e o argentino César Milstein, criaram a primeira estratégia bem-sucedida de gerar biofábricas de anticorpos capazes de viver por muitas gerações ao fundir células tumorais murinas com células produtoras de anticorpos (linfócitos B) de roedores. Essa estratégia, que lhes valeu um Nobel, permitiu chegar a células geneticamente idênticas – os clones –, produtoras de grandes quantidades de anticorpos. Mas eles nem sempre funcionavam como o esperado. Só uma década mais tarde os avanços da engenharia genética melhoraram a probabilidade de obter anticorpos que preservassem a afinidade desejada por células específicas e que não fossem reconhecidos como estranhos pelo sistema imune humano.




São medicamentos caros, que no Brasil costumam ser pagos pelo sistema público de saúde. O preço de uma dose de um anticorpo monoclonal varia de cerca de US$ 1 mil, no caso dos mais antigos, a US$ 26 mil, cobrados pelos de gerações recentes. Seu uso em geral se justifica por desempenharem uma ação mais específica sobre determinadas células ou moléculas, ou seja, uma terapia com um único alvo. Isso é muito importante quando falamos por exemplo de câncer, pois a quimioterapia tradicional, em geral elimina tanto as células de câncer quanto as saudáveis, causando efeitos colaterais severos. Além da terapêutica de tumores, eles têm aplicação no diagnóstico de tumores e de infeções ocultas, infeções e doenças autoimunes, sendo também utilizados para evitar a rejeição no caso dos transplantes.

O desempenho terapêutico desses anticorpos além de, claro, seus custos – justifica o esforço brasileiro para dominar ao menos parte de sua produção, ainda que com pouco mais de uma década de atraso em relação aos países mais ricos e tecnologicamente mais desenvolvidos.

Um exemplo de anticorpo monoclonal é o Remicade® (infliximabe), que teve a sua comercialização aprovada pela FDA (órgão regulador de alimentos e medicamentos nos EUA) em 1998, tendo este vindo a ser usado no tratamento de diversas doenças autoimunes, tais como a psoríase, artrite reumatoide, doença de Crohn, retocolite ulcerativa, entre outras. 

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