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Cláudia
Camila Dias, pesquisadora principal do projeto, afirmou que esta ferramenta vai
ser “integrada no sistema de interface com a base de dados do GEDII - Grupo de
Estudos da Doença Inflamatória Intestinal para ser utilizada pelos clínicos”
Uma equipe
do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS)
anunciou ter desenvolvido uma ferramenta 'online' que permite predizer como irá
evoluir a doença inflamatória intestinal, nomeadamente a doença de Crohn.
Este
instrumento vai servir para apoiar a decisão dos médicos na escolha e
acompanhamento do tratamento para cada doente, de forma a garantir o melhor
controlo possível da doença intestinal. Segundo Cláudia
Camila Dias, pesquisadora principal do projeto, esta ferramenta permite “prever
a evolução da doença em cada paciente e adaptar a terapêutica de forma rápida,
eficiente e nada invasiva, ou seja, sem necessidade de recorrer a testes
genéticos nem laboratoriais”.
A
especialista em bioestatística do CINTESIS explicou que este modelo de
prognóstico na doença inflamatória intestinal baseia-se no levantamento de
dados demográficos e informações clínicas facilmente obtidas em consulta, como
a idade em que o paciente foi diagnosticado, o uso de corticoides, a existência
de doença perianal e tabagismo, por exemplo.
A doença
inflamatória intestinal inclui duas patologias diferentes: a doença de Crohn e a
retocolite ulcerativa. Trata-se de doenças incapacitantes, de causa
desconhecida, que podem afetar qualquer parte do intestino.
De acordo
com os especialistas, “os pacientes que sofrem destas doenças vêm a sua
qualidade de vida (pessoal, social e profissional) muito afetada. No entanto,
só muito recentemente é que se passou a verificar uma preocupação com a
manutenção da qualidade de vida destes doentes, através da redução do número de
cirurgias a que são submetidos e das hospitalizações que estão sujeitos”.
Em
comunicado, o CINTESIS refere que para o desenvolvimento da nova ferramenta foi
necessário “estudar de forma aprofundada” a relação entre a doença inflamatória
intestinal e as diferenças demográficas e clínicas dos pacientes.
No âmbito
desse trabalho prévio, foi possível averiguar que “os pacientes de Crohn com
menos de 40 anos, que foram tratados com corticoides e que sofrem de doença
perianal, estão em maior risco de apresentarem doença incapacitante. No caso
dos pacientes com retocolite ulcerativa, são os homens, com doença extensa e
que usam corticoides, os que estão em maior risco de atingir níveis mais graves
da doença, que exijam a remoção de parte do intestino”, acrescenta.
Os
investigadores avaliaram ainda o impacto que o uso de imunossupressores – um
tipo de tratamento que diminui a atividade do sistema imunológico do paciente, modulando
a inflamação – tem na evolução da doença inflamatória intestinal. As análises
realizadas revelaram que os doentes a quem estes medicamentos são prescritos
mais tardiamente são operados mais vezes.
Cláudia
Camila Dias afirmou que esta ferramenta vai ser “integrada no sistema de
interface com a base de dados do GEDII - Grupo de Estudos da Doença
Inflamatória Intestinal para ser utilizada pelos clínicos. Este
instrumento é completamente funcional, expondo as capacidades analíticas e
preditivas desenvolvidas nos modelos criados.”
O sistema
será usado pelos Gastrenterologistas durante a consulta de especialidade,
através da utilização da interface com a base de dados da consulta.
O projeto,
que resultou em vários artigos publicados em revistas científicas como o Journal
of Crohn’s and Colitis, Inflammatory Bowel Disease e a PLoS One, foi desenvolvido em colaboração clínica com o Gastrenterologista
Fernando Magro, e colaboração científica com os investigadores do Cintesis
Pedro Pereira Rodrigues, Raphael Oliveira, Guilherme Macedo e Altamiro da
Costa-Pereira.
O CINTESIS é
uma unidade de investigação e desenvolvimento (I&D) cuja missão é encontrar
respostas e soluções, no curto prazo, para problemas de saúde concretos, sem
nunca perder de vista a relação custo/eficácia.
Sediado na
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o CINTESIS beneficia da
colaboração das Universidades Nova de Lisboa, Aveiro, Algarve e Madeira, bem
como do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), do Instituto
Superior de Engenharia (ISEP) e da Escola Superior de Enfermagem do Porto
(ESEP).
No total, o
centro agrega cerca de 450 investigadores, em 16 grupos de investigação que
trabalham em quatro grandes linhas temáticas: Investigação Clínica e Serviços
de Saúde; Neurociências e Envelhecimento Ativo; Diagnóstico, Doença e
Terapêutica; e Dados e Métodos.
Fonte: tvi24
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