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Proteína encontrada no trigo pode desencadear ou agravar doenças inflamatória intestinal

Cientistas dizem que uma família de proteínas conhecidas como ATIs podem desencadear uma variedade de sintomas e piorar as condições crônicas de saúde, entre elas a doença inflamatória intestinal (DII).
Estudos recentes descobriram que uma outra proteína presente no trigo é capaz de desencadear processo inflamatório, o que poderia piorar o quadro de doenças intestinais (células do sistema imune) e doenças crônicas como esclerose múltipla, asma, artrite reumatoide e DII: são as ATIs (inibidores de amilase-tripsina).

Muitos estudos anteriores foram focados no glúten e seu impacto na saúde digestiva e, agora, estas novas pesquisas mudam o foco para uma família diferente de proteínas encontradas no trigo, chamadas inibidores da amilase e da tripsina (ATIs).

Detlef Schuppan, MD, que detém posições da faculdade no Universidade de Johannes Gutenberg e Harvard Medical School, apresentou esses achados na United European Gastroenterology Week 2016 em Viena, uma reunião anual para gastroenterologistas e pesquisadores de todo o mundo. Sua apresentação foi baseada em vários estudos publicados nos últimos anos, bem como algumas pesquisas recentes, ainda inéditas.


Muitas condições crônicas de saúde são causadas pela dieta, estilo de vida e fatores de risco metabólicos. Como por exemplo a DII, uma condição inflamatória do cólon e do intestino delgado. Estudos anteriores mostraram uma ligação entre o glúten, uma mistura de proteínas encontradas no trigo e grãos e a recorrência dos sintomas da DII.

O estudo de Schuppan e colaboradores mostra que o consumo de ATIs poderia levar ao desenvolvimento de inflamação em tecidos além do intestino. Evidências sugerem que as ATIs poderiam piorar os sintomas da artrite reumatóide, esclerose múltipla, asma, lúpus e esteatose hepática, bem como na doença inflamatória intestinal. Isso é corroborado pelo estudo recente publicado na prestigiada revista Gastroenterology, mostrando que todos os cereais com glúten possuem, de longe, as maiores concentrações de ATI e que, quando ingeridas, são em grande parte resistentes às proteases e ao calor, o que aumenta a inflamação intestinal pela ativação das células mielóides do sistema imune, presentes no intestino.

As AITs não compõem mais de 4% de proteínas de trigo, mas podem desencadear potentes reações imunológicas no organismo. O pesquisador, Professor Detlef Schuppan, da Universidade Johannes Gutenberg, na Alemanha, explica:
"Além de contribuir para o desenvolvimento de condições inflamatórias relacionadas ao intestino, acreditamos que as ATIs podem promover a inflamação de outras doenças crônicas relacionadas ao sistema imunológico fora do intestino. O tipo de inflamação intestinal observada na sensibilidade ao glúten não celíaco difere daquela causada pela doença celíaca, e não acreditamos que isso seja desencadeado exclusivamente pelo glúten. Em vez disso, demonstramos que as ATIs do trigo, que também estão contaminando o glúten comercial, ativam tipos específicos de células imunes no intestino e outros tecidos, potencializando assim os sintomas de doenças inflamatórias pré-existentes”.

Importante lembrar que a restrição nutricional absoluta aos alimentos com glúten quando feita sem indicação ou sem o acompanhamento do médico e do nutricionista deve ser desencorajada. No entanto, os estudos sugerem que pessoas com condições especiais, como portadores de doenças autoimunes poderiam se beneficiar da restrição alimentar ao glúten.

Fontes:

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