A DII
possui duas formas mais comuns de apresentação: Retocolite Ulcerativa
(RCU) e a Doença de Crohn (DC). A DC se
caracteriza por inflamação com maior frequência na região terminal do íleo,
intercalando áreas saudáveis do intestino com porções inflamadas; a
RCU é limitada ao comprometimento da mucosa do cólon, estendendo continuamente,
comprometendo parte ou todo o cólon, o reto sempre está envolvido. Na DC todas as
camadas da mucosa são acometidas. Já na RCU, o processo inflamatório crônico, é
restrito às camadas mucosa e submucosa do intestino grosso.
Dentre os
aspectos ambientais, encontram-se os fatores dietéticos e, sugere-se que,
dietas com baixo teor de fibras e altos conteúdos de açúcar, gordura animal,
gorduras totais, ácidos graxos poliinsaturados ômega-6 e carnes, podem
constituir fatores de risco para estas doenças. Propõe-se também que o consumo
de sucos, frutas cítricas e vegetais poderia reduzir o risco de desenvolvimento
tanto de DC quanto de RCUI. Além disso, indica-se que o aleitamento materno
pode prevenir a ocorrência de DII, da mesma maneira que previne outras doenças
mediadas imunologicamente como a asma, a dermatite atópica, a rinite alérgica,
entre outras. Porém, a respeito destes aspectos, estudos mais conclusivos ainda
são necessários.
Não existe um agente microbiano específico causador da DII, contudo as evidências sugerem que a doença está ligada ao desequilíbrio entre as bactérias patogênicas e benéficas. Fatores como a modificação das bactérias luminais e o aumento da permeabilidade intestinal, desempenham um papel importante na má regulação da imunidade intestinal, o que leva à lesão gastrointestinal.
Não existe um agente microbiano específico causador da DII, contudo as evidências sugerem que a doença está ligada ao desequilíbrio entre as bactérias patogênicas e benéficas. Fatores como a modificação das bactérias luminais e o aumento da permeabilidade intestinal, desempenham um papel importante na má regulação da imunidade intestinal, o que leva à lesão gastrointestinal.
Uma das
hipóteses etiológicas para o desenvolvimento da doença de Crohn considera que
esta é causada pela infecção persistente por um microorganismo específico.
Vários agentes patogênicos tais como Chlamydia trachomatis,
Mycobacterium paratuberculosis, Escherichia Coli, Listeria spp, Yersinia spp,
Clostridium septicum, Helicobacter pyroli, Saccharomyces cerevisiae,
Pseudomonas maltophilia, Mycobacterium Kansasii, têm sido apontados como
possíveis causas.
Há várias
teorias de infecção bacteriana que poderiam explicar a DC. A maioria dos
autores sugere que a perda do equilíbrio entre as bactérias comensais e as
bactérias patogênicas poderia estimular o sistema imunológico no local, levando
a um aumento da secreção de TNF-α. Outros estudos sugerem que a resposta
anormal da bactéria comensal, com antígeno desconhecido, poderia ativar o
sistema imunológico em indivíduos geneticamente predispostos.
Tratamento:
Os
principais objetivos do tratamento da doença de Crohn (DC) e da retocolite
ulcerativa (RCU) são o controle dos sintomas, o equilíbrio
nutricional, a melhora da qualidade de vida e mais recentemente o conceito de
remissão endoscópica com cicatrização da mucosa. Os medicamentos atuam no
bloqueio ou ativação de diferentes células, receptores e mediadores
participantes da cascata inflamatória visando à interrupção da inflamação e a
remissão da doença. O paciente deve estar ciente e concordante com a opção
terapêutica escolhida visando uma maior aderência, uma vez que se trata de
doença crônica que exige tratamento contínuo e por tempo indeterminado.
Importância da amamentação na
prevenção de doenças
A
importância do leite humano como protetor contra determinadas doenças é
conhecida há muitos anos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o
aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida e sua manutenção até os
dois anos de idade. O leite humano, dentre os seus componentes nutritivos,
contém, em sua composição, células, membranas e moléculas que conferem proteção
ao recém-nascido, pois o mesmo se apresenta totalmente livre de microbiota
associada. Por isso, é fundamental para a criança que suas superfícies e
mucosas sejam colonizadas rapidamente pelos microrganismos, reduzindo de forma
significativa os riscos de ocorrências de doenças agudas e crônicas, o que
também implicará na futura vida adulta. Vale
lembrar que as portas de entrada de um grande número de infecções são as
superfícies mucosas, especialmente do aparelho digestório e respiratório.
A
efetividade da ação protetora conferida pelo leite humano é diretamente
proporcional ao número e duração das mamadas, possuindo relação direta no que
se diz "efeito dose-resposta". A importância de aleitamento materno é
ainda enfatizada pelo fato de ser considerado os dois primeiros meses de vida
como o período de maior velocidade de crescimento e vulnerabilidade da
criança. Não existe leite que possa
substituir o leite humano em suas inúmeras vantagens.
No início do processo de amamentação, o intestino do lactente é invadido e colonizado por uma variedade de microrganismos, sendo esse o principal determinante da composição da microflora intestinal, existindo ainda outros fatores que interferem na colonização bacteriana, entre eles: o tipo de
parto, o genótipo
do indivíduo, os agentes
antimicrobianos (antibióticos)
Em torno
dos dois anos de idade, a microflora intestinal da criança se torna estável,
alcançando assim a flora tipo adulto.
Alguns
componentes do colostro e do leite maduro são reconhecidos por serem favoráveis
para a implantação de certos grupos bacterianos com grande importância para a
saúde da criança, tais como as Bifidobacteria. O leite materno
possui ainda, em menor extensão, bactérias como Escherichia coli,
Staphilococus e Clostridium. A mucosa intestinal é uma importante barreira celular e o principal
local de interação das substâncias estranhas e microrganismos externos. O
intestino é o primeiro órgão imune do corpo humano representado pelo tecido
linfóide associado ao intestino (GALT) através da imunidade adquirida ou inata.
O GALT é composto por tecidos linfóides agregados (formados pela placa de Peyer
e folículos linfóides isolados) e células não agregadas presentes na lâmina
própria e regiões intraepiteliais do intestino. A introdução do leite de vaca ou alimentação complementar altera a
flora fecal, passando a ser constituída de bactérias anaeróbicas facultativas.
As espécies predominantes passam a ser Klebsiela, Enterobactérias,
Bacteróides e Clostridium, apesar das bifidobactérias fazerem
parte, em menor proporção.
Por
muitos anos desconheceu-se o valor nutricional e imunológico do leite materno e
o valor do ato de amamentar e suas conseqüências fisiológicas, emocionais e de
redução da morbi-mortalidade materna e infantil. Porém, nos dias atuais o
aleitamento materno é indicativo de saúde do binômio mãe e filho. O leite materno diminui a incidência e/ou a gravidade de diarreia, botulismo, enterocolite
necrotizante, alergias, doenças infecciosas e respiratórias, entre outras
doenças, incluindo as autoimunes, como também estimula o desenvolvimento
adequado do sistema imunológico do bebê.
Outros tipos
de leite aumentam os riscos de desenvolvimento de doenças e alergias, e podem
ocasionar lesões no intestino imaturo do lactente. A porta de entrada da maioria das infecções no ser humano é
representada pelas superfícies mucosas, principalmente dos tratos
gastrintestinal e respiratório. Através
da alimentação e da respiração o organismo entra em contato com microorganismos
patogênicos, assim como substâncias potencialmente alergênicas ou nocivas. A
amamentação exclusiva salva milhões de crianças a cada ano por prevenir doenças
infecciosas agudas e crônicas, principalmente respiratórias e intestinais.
Recém-nascidos
e lactentes, sobretudo nos primeiros seis meses de vida, são mais vulneráveis a
infecções, devido à imaturidade do sistema imunológico e à maior permeabilidade
intestinal. Assim, durante um período crítico de relativa incompetência
imunológica, o leite humano apresenta atributos de qualidade frente às suas
necessidades imunobiológicas, protegendo-os de diversas doenças.
O leite
humano é rico em citocinas que podem interagir com receptores presentes na
mucosa do trato gastrointestinal, contribuindo de forma significativa nos
mecanismos de defesa. Nos três primeiros meses de amamentação, os agentes
imunomoduladores (interleucinas, fator de necrose tumoral e prostaglandinas)
estão presentes em concentrações elevadas.
O leite
humano possui também lactoperoxidase, que oxida bactérias com ação
antimicrobiana. Os macrófagos e linfócitos são responsáveis pela fagocitose e
pela produção de fatores do complemento.
Os
anticorpos presentes no leite materno são dirigidos a inúmeros microorganismos
com os quais a mãe entrou em contato durante toda sua vida, representando um
tipo de "repertório" imunológico. A maior parte desses
microorganismos já entrou em contato com as superfícies mucosas do aparelho
gastrintestinal ou respiratório maternos.
O leite de vaca não possui nenhum elemento
imunológico que seja favorável ao lactente, e a administração de alimentos ou
suplementos pré-lácteos aumenta o risco de infecções no lactente.
A presença
de leite no lúmen intestinal estimula o desenvolvimento de sua mucosa e a
atividade da enzima lactase.
Os
carboidratos presentes no leite humano são os oligossacarídeos e a lactose. Os
oligossacarídeos, na presença de peptídeos, formam um fator bífido responsável pela proliferação dos Lactobacillus bifidus. No meio rico em lactose, produzirá ácido láctico e
succínico, o que diminui o pH intestinal, tornando o local desfavorável ao
crescimento de bactérias patogênicas, fungos e parasitas. Sendo assim, a
lactose também exerce fator protetor ao desenvolvimento de afecções
gastrintestinais, promovendo essa colonização benéfica.
A partir da
década de 1970, com a descoberta do fator bifidus, torna-se cada
vez mais conhecido o mecanismo pelo qual ocorre a proteção da mucosa intestinal
contra os agentes patogênicos. Vários tipos de oligossacarídeos e
glicoconjugados presentes no leite materno (conhecidos como agentes
prebióticos) estimulam a colonização do intestino por microorganismos
benéficos. Esses agentes atuam na primeira etapa essencial da patogênese, ao
impedir que um microorganismo se fixe na parede celular.
Crianças
amamentadas exclusivamente apresentam uma flora intestinal benéfica, com maior
quantidade de bifidobactérias e menos Clostridium dificile e Escherichia coli.
Os
benefícios do leite materno são inúmeros! Escolhi alguns para compartilhar aqui
e contribuir para entendermos cada vez mais sobre as doenças inflamatórias
intestinais.
Fontes:
Fróes
RSB. Tratamento convencional na doença inflamatória intestinal. Revista
Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2012;11(4):27-32. Acesso em 23 de março de 2017, de https://goo.gl/01ahdz
Diestel
CF, Santos MC, Romi MD. Tratamento nutricional nas doenças inflamatórias
intestinais. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto. 2012;11(4):52-58.
Acesso em 23 de março de 2017, de https://goo.gl/zdoSQt
SANTOS,
S. C. DOENÇA DE CROHN: Uma Abordagem Geral. Monografia (Especialização) - Curso
de Análises Clínicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Acesso em
23 de março de 2017, de https://goo.gl/NVvbXl
Cecy
Maria Lima Santos; Aline Cássia de Andrade Sayão; Luciana Cota Pinto Coelho;
Pollyanna Pamela Caetano de Carvalho. Aleitamento materno e doenças
inflamatórias intestinais. Revista Médica de Minas Gerais. Volume: 18.(4
Suppl.1). Acesso em 23 de março de 2017, de http://rmmg.org/artigo/detalhes/1403
Visite aqui a
página no Facebook. Não esqueça de curtir a página para saber de todas as
atualizações do blog!
Compartilhe
essa informação com alguém que possa estar precisando dela!
O Farmale
é um espaço informativo, de divulgação e educação sobre temas relacionados com
saúde, nutrição e bem-estar, não devendo ser utilizado como substituto ao
diagnóstico médico ou tratamento sem antes consultar um profissional de saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário