O estudo,
publicado na revista Science Translational Medicine, descobriu que uma cepa da
levedura Saccharomyces cerevisiae pode viver no intestino e piorar a dor, diarreia e cólicas associadas a distúrbios inflamatórios intestinais, que não
têm cura.
Esta
levedura, utilizada na produção do pão e da cerveja, "agravou o dano
intestinal em ratos com colite", e também causou níveis mais elevados de
ácido úrico no intestino, disse o estudo. Mas quando
os ratos receberam alopurinol - uma droga que está no mercado desde 1966 e é
usada para tratar a gota, ao reduzir a quantidade de ácido úrico - a doença
intestinal desapareceu.
A autora
principal do estudo, June Round, da Universidade de Utah, disse que alguns
médicos já prescreveram alopurinol para pacientes com gota e com doença de
Crohn, e perceberam que este aliviava os sintomas de ambas.
Mas estas
observações devem ser seguidas de ensaios clínicos para avaliar a sua eficácia
contra a doença inflamatória intestinal, disse Round. "Acho
que está nas mãos dos clínicos neste momento experimentá-la em seus
pacientes". O alopurinol
está na lista de medicamentos essenciais da Organização Mundial da Saúde. Os
efeitos colaterais podem incluir erupção cutânea, febre, dor de garganta,
vômitos e diarreia." Fonte: UOL Notícias - Ciência e Saúde
Vamos entender melhor a pesquisa:
A doença
inflamatória intestinal (DII) representa um grupo de afecções intestinais
inflamatórias crônicas idiopáticas. As duas principais categorias de doenças
são a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU) que apresentam algumas
características clínico-patológicas sobrepostas e outras bem diferentes.
A patogênese
da DII não está completamente compreendida. Fatores genéticos e ambientais,
como a modificação das bactérias luminais e o aumento da permeabilidade
intestinal, desempenham um papel importante na má regulação da imunidade
intestinal, o que leva à lesão gastrointestinal.
Uma das
hipóteses etiológicas para o desenvolvimento da doença de Crohn considera que esta é causada
pela infecção persistente por um microorganismo específico. Vários agentes
patogênicos tais como Chlamydia trachomatis, Mycobacterium paratuberculosis,
Escherichia Coli, Listeria spp, Yersinia spp, Clostridium septicum,
Helicobacter pyroli, Saccharomyces cerevisiae, Pseudomonas maltophilia,
Mycobacterium Kansasii, têm sido apontados como possíveis causas.
Há várias
teorias de infecção bacteriana que poderiam explicar a DC. A maioria dos
autores sugere que a perda do equilíbrio entre as bactérias comensais e as
bactérias patogênicas poderia estimular o sistema imunológico no local, levando
a um aumento da secreção de TNF-α. Outros estudos sugerem que a resposta anormal
da bactéria comensal, com antígeno desconhecido, poderia ativar o sistema
imunológico em indivíduos geneticamente predispostos.
A
pesquisa chefiada pela Dra June Round, utilizou Saccharomyces cerevisiae, também chamado de fermento do padeiro
e Rhodotorula aurantiaca, comumente encontrada em nosso ambiente, bem como suco
de frutas e leite. Neste estudo, os cientistas deram cada tipo de levedura aos
camundongos que tinham sido tratados previamente com substâncias químicas para
induzir sintomas de DII. Os sintomas aumentaram em camundongos alimentados com S.
cerevisiae, mas não naqueles alimentados R. aurantiaca.
"Os camundongos alimentados com S. cerevisiae tiveram perda significativa de peso, diarreia, fezes com sangue, como uma pessoa com DII," disse Tyson Chiaro, também pesquisador nesse estudo chefiado pela Dra June Round.
Seguiram as
análises no intestino dos camundongos e que foram alimentados com S. cerevisiae
tinham uma maior concentração de compostos ricos em nitrogênio, chamados
purinas, que o intestino dos camundongos alimentados R. aurantiaca.
Ao contrário de outras variedades de levedura, S. cerevisiae não pode quebrar as purinas que se acumulam no trato intestinal gerando um outro composto chamado ácido úrico. Ácido úrico agrava a inflamação, o que pode agravar os sintomas de DII.
Além do estudo em camundongos, os cientistas examinaram amostras de sangue de adultos normais.
Ao contrário de outras variedades de levedura, S. cerevisiae não pode quebrar as purinas que se acumulam no trato intestinal gerando um outro composto chamado ácido úrico. Ácido úrico agrava a inflamação, o que pode agravar os sintomas de DII.
Além do estudo em camundongos, os cientistas examinaram amostras de sangue de adultos normais.
"Descobrimos que todas as amostras de soro humano com altos anticorpos de S. cerevisiae também tinham níveis elevados de ácido úrico," Dra June Roud."Sabe-se que alguns pacientes com DII são colonizados por S. cerevisiae, então, as conclusões deste estudo apoiam a ideia de que a levedura exacerba a doença nesses indivíduos, e que o alívio para esses pacientes pode estar ao nosso alcance". diz a pesquisadora.
Para testar tal hipótese os cientistas trataram camundongos com o medicamento Alopurinol,
usado para prevenir a produção de ácido úrico em pacientes com gota. E olhem só que interessante: a droga
reduziu significativamente a inflamação intestinal nestes camundongos.
"Nosso trabalho sugere que se bloquearmos o mecanismo que leva à produção de ácido úrico, com alopurinol por exemplo, portadores de DII com uma elevada concentração de anticorpos de S. cerevisiae podem ter uma nova opção de tratamento para reduzir a inflamação, o que poderia permitir ao intestino um tempo para cicatrizar," June Round.
Ensaios
clínicos serão necessário para determinar se essas leveduras podem exacerbar a doença inflamatória intestinal em pessoas assim como foi demonstrado em camundongos.
Você sabia que o Alopurinol faz parte da lista de medicamentos encontrada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para doença de Crohn? Veja como é a recomendação de uso:
Você sabia que o Alopurinol faz parte da lista de medicamentos encontrada no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para doença de Crohn? Veja como é a recomendação de uso:
Em estudos
clínicos com doentes de DC, a adição de alopurinol, um inibidor da xantina
oxidase capaz de desviar o metabolismo da azatioprina para a produção de
6-tioguanina, levou a significativa diminuição da atividade da doença,
possibilitando a redução da dose de corticosteroide, sem aumento de toxicidade
hepática. Dessa forma, em pacientes que não respondem a azatioprina após 10
semanas de uso em doses adequadas (2-2,5 mg/kg/dia), recomendase considerar a
associação de alopurinol, na dose de 100 mg/dia, com concomitante redução de
50% na dose de azatioprina. Uma vez que o metabólito ativo 6-tioguanina é
também responsável por toxicidade medular, a adição de alopurinol está
contraindicada em indivíduos com leucopenia prévia; pacientes em uso da associação
devem ser monitorizados laboratorialmente em relação às contagens de
leucócitos, semanalmente no primeiro mês e quinzenalmente no segundo mês.
Ocorrendo leucopenia, recomenda-se redução da dose de azatioprina (50% da dose
atual) ou mesmo suspensão, de acordo com a gravidade do caso. A eficácia dessa
conduta sobre a atividade da doença deve ser avaliada em cerca de 3 meses
(29-32).
Medicamentos
que constam no PCDT para doença de Crohn:
• Sulfassalazina:
comprimido de 500 mg
• Mesalazina:
comprimido de 400, 500 e 800 mg
•
Hidrocortisona: solução injetável de 100 e 500 mg
•
Prednisona: comprimido de 5 e 20 mg
•
Metilprednisolona: solução injetável 500 mg
•
Metronidazol: comprimido de 250 e 400 mg
•
Ciprofloxacino: comprimido de 500 mg
•
Azatioprina: comprimido de 50 mg 137 Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas
•
Metotrexato: solução injetável de 50 mg
•
Ciclosporina: ampola de 50 mg/mL
•
Infliximabe: frasco-ampola com 100 mg
• Adalimumabe:
seringas pré-preenchidas com 40 mg • Alopurinol: comprimidos de 100 e 300 mg
❖ Certolizumabe pegol - incorporado ao SUS em janeiro/2017
❖ Certolizumabe pegol - incorporado ao SUS em janeiro/2017
Sobre
PCDT e medicamentos incorporados:
- Protocolos
Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
- Saúdeincorpora
certolizumabe pegol para tratamento da Doença de Crohn
Fontes:
- Heath 24
- MedicalXpress
- Science
Translational Medicine
- SANTOS, S. C. DOENÇA DE CROHN: Uma Abordagem Geral. Monografia
(Especialização) - Curso de Análises Clínicas, Universidade Federal do
Paraná, Curitiba, 2011.
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