Quais são as
dificuldades e como os pacientes com mais idade lidam com a doença
Em geral, é
na chamada terceira idade que começam a aparecer alguns probleminhas de saúde.
É dor aqui, é dor ali, aumento de colesterol, mais dificuldade para andar e se
locomover, sem falar nas alterações de visão, de audição... É claro que nenhuma
dessas mudanças é sinal dos tempos para 100% das pessoas que chegam a essa fase
de vida e cada uma tem que seguir a sua história conforme puder e melhor lhe
aprouver, não é o que se costuma ouvir? Só que não se pode contestar que é
justamente nessa fase que se costuma ter surpresas que nem sempre são
agradáveis, tanto fisicamente,como emocionalmente falando.
Quando o assunto é
sobre doenças inflamatórias intestinais, a pergunta que fica é se a doença de
Crohn e a colite ulcerativa são mais difíceis de afetarem as pessoas idosas. É
assim mesmo?
“Em menor parcela de doentes essas doenças ocorrem em pessoas após os 60 anos de idade, incidindo mais freqüentemente em jovens entre os 20 e 40 anos de idade”, diz a coloproctologista Profa. Dra. Magaly Gemio Teixeira, supervisora do serviço de cirurgia do colo e reto do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. “No entanto, o paciente idoso tende a aceitar melhor o diagnóstico e a seguir as orientações médicas com mais empenho do que os jovens”, diz a médica do HC.
Pode se
dizer que este comportamento advém da maturidade que a terceira idade traz às
pessoas que chegaram a esta fase na vida. Até onde os médicos sabem, os
sintomas são semelhantes aos observados nos pacientes mais jovens, com a
diferença de que no idoso há associação com outros sintomas determinados por
doenças próprias dessa faixa etária, o que confundiria o diagnóstico. Alguns
exemplos disso são a diverticulite do cólon, que se caracteriza pelo
aparecimento de herniações no intestino grosso, e a colite isquêmica, que é
resultado de má circulação no intestino que, por sua vez, se caracteriza também
por processo inflamatório. “Estes processos inflamatórios são parecidos com os
da colite por doença inflamatória intestinal”, explica a Dra. Magaly. Por outro
lado, não se pode deixar de lado que o fato de a doença iniciar-se em idade
mais avançada, ela vai exigir mais cuidado e atenção, tanto por parte do médico
quanto por parte do paciente, de forma a se evitar maiores complicações. Para
começar a medicação deverá ser controlada com rigor, pela possibilidade de
associação com doença hepática ou renal prévia e, no caso de o paciente
necessitar de um tratamento cirúrgico, o risco da operação será maior,
obrigando um preparo pré-operatório mais rigoroso. “Há diferença também na
escolha da técnica operatória, uma vez que muitos idosos são incontinentes pela
própria idade e não poderiam ser submetidos a operações de conservação
esfincteriana”, explica a médica do HC.
Com relação
à perda de peso, ela também é mais freqüente em idosos e há maior associação da
doença de Crohn localizada no intestino grosso quando ela se manifesta após os
60 anos de idade. Notícias que trazem um certo alívio é que quando o idoso tem
a doença de Crohn ele não costuma passar pelas dores insuportáveis no abdome e
também, segundo alguns médicos, é menor a incidência de doença perianal nesses
casos. Agora, quanto aos exames para diagnóstico e acompanhamento são os mesmos
feitos também pelos pacientes mais jovens: colonoscopia e trânsito intestinal.
”Cuidados no preparo de colonoscopia devem ser tomados, pois a desidratação que
pode advir dos laxantes usados para limpeza dos cólons pode ser
prejudicial”, diz a Profª Dra. Lorete Kotze, gastroenterologista de
adultos e crianças de Curitiba, no Paraná, que também é membro do American
College of Gastroenterology. “Em pacientes acima de 65 anos eu costumo fazer
o preparo de colonoscopia, sob hospitalização”, acrescenta a médica.
Fonte: ABCD Em Foco
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