Fonte: MD Saúde |
Antes de iniciar a leitura desse texto excelente escrito pelo Dr Pedro Pinheiro do MD Saúde, quero deixar algumas observações importante para quem tem Doença Inflamatória Intestinal (DII) - doença de Crohn e retocolite ulcerativa: essas doenças têm como um dos principais sintomas a diarreia, inclusive em alguns casos com sangue. Não use nenhuma medicação sem consultar o seu médico!
As opções de tratamentos caseiros aqui compartilhadas são a hidratação, dieta e probióticos. A hidratação pode ser utilizadas por nós, com DII, sem problemas, mas os probióticos só devem ser utilizados com orientação médica e de um nutricionista e somente quando não estivermos em crise, ou seja, com a doença em atividade, devido ao aumento da
permeabilidade intestinal. A dieta também deve ser avalida pelo médico e nutricionista que acompanham o seu caso.
Sobre a permeabilidade intestinal, explico em outro texto, pois é um assunto muito importante nas DII e merece nossa atenção. Só para você não ficar zerado de informação: na DII a permeabilidade intestinal encontra-se alterada o que pode permitir que bactérias possam atravessar a parede intestinal e se desloquem para tecidos mais profundos piorando todo o quadro inflamatório da DII. Então, cuidado com o que você lê por aí, mesmo aqui, em um texto escrito por um médico, nem todas as dicas podem ser utilizadas sem cautela, principalmente para quem tem DII.
Sobre a dieta:
Sobre a dieta:
⚠ Para quem tem DII com suspeita ou diagnóstico de estenose ou obstrução intestinal: você deve seguir as orientação do médico e nutricionista que estão acompanhanado o seu caso sobre a dieta.
Agora leia o texto escrito pelo Dr Pedro
Pinheiro, Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Especialista em Medicina Interna e Nefrologia pela Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e aproveite
para acrescentar boas informações que poderão ser úteis para nosso dia a dia
com a DII. Empodere-se de informaçoes seguras aqui no Farmale!
Só mais uma observação, alguns trechos estão em destaque (negrito e/ou vermelho) para que você leia com maior atenção, principalmente se você tiver o diagnóstico de uma DII.
Quadros de diarreia são extremamente comuns ao longo da vida de um indivíduo. A maioria de nós apresenta ao menos um episódio de diarreia por ano. Felizmente, na maior parte das vezes, os quadros diarreicos são autolimitados, curando-se espontaneamente após alguns dias sem causar nenhum tipo de complicação. O próprio autor destaca "Neste artigo vamos discutir quais são os tratamentos caseiros que você pode lançar mão para os quadros leves de diarreia."
Só mais uma observação, alguns trechos estão em destaque (negrito e/ou vermelho) para que você leia com maior atenção, principalmente se você tiver o diagnóstico de uma DII.
Quadros de diarreia são extremamente comuns ao longo da vida de um indivíduo. A maioria de nós apresenta ao menos um episódio de diarreia por ano. Felizmente, na maior parte das vezes, os quadros diarreicos são autolimitados, curando-se espontaneamente após alguns dias sem causar nenhum tipo de complicação. O próprio autor destaca "Neste artigo vamos discutir quais são os tratamentos caseiros que você pode lançar mão para os quadros leves de diarreia."
Todavia,
apesar de terem curta duração e serem relativamente benignos na maioria dos
pacientes, ter um quadro de diarreia durante 3 ou 4 dias pode causar grandes
transtornos na vida pessoal e/ou profissional, principalmente se o paciente
estiver evacuando várias vezes por dia com curto intervalo de tempo entre as
dejeções. Além disso, mesmo quadros leves de diarreia podem levar à
desidratação se não forem adequadamente tratados. Isso é especialmente
verdadeiro entre crianças pequenas e idosos.
Neste artigo
vamos discutir quais são os tratamentos caseiros que você pode lançar mão para
os quadros leves de diarreia. Utilizaremos o termo “tratamento caseiro” de
forma um pouco mais abrangente, incluindo não só os tratamentos não
medicamentosos, como também a utilização de medicamentos simples, que são
facilmente adquiridos sem receita médica e costumam estar presentes na farmácia
caseira da maioria das pessoas com aceitável condição socioeconômica. Portanto,
será considerado tratamento caseiro qualquer medida que o paciente possa
tomar em casa sem precisar de contato prévio com um médico.
Se você quiser saber mais sobre as causas mais comuns de diarreia e os seus sintomas, acesse os seguintes artigos:
- DIARREIA
– Causas, Tipos e Tratamento.
- VIROSE
GASTROINTESTINAL – Vômitos e Diarreia.
- Diarreias
Causadas pela Bactéria Escherichia coli (E.coli).
Antes de
seguirmos com as explicações sobre o tratamento caseiro da diarreia é
preciso destacar quais são os sinais de gravidade de uma diarreia que
apontam para a necessidade de uma avaliação médica e tratamento com remédios de
verdade.
⚠ Apesar da maioria das diarreias serem benignas e de curta duração, há
casos mais graves que não devem ser tratadas exclusivamente com medidas
caseiras.
CLASSIFICAÇÃO DAS DIARREIAS:
👉 As diarreias
podem ser classificadas de acordo com o seu tempo de duração:
- Diarreia aguda – 14 dias ou
menos de duração.
- Diarreia persistente – entre 15
e 30 dias de duração.
- Diarreia crônica – mais de
30 dias de duração.
👉 As diarreias também podem ser classificadas de acordo com as suas características clínicas:
- Diarreias inflamatórias
(disenteria) – quadros de diarreia com presença de sangue e muco (ou pus)
nas fezes. Febre e intensa dor abdominal costumam estar presentes.
- Diarreia não inflamatória –
quadros de diarreia aquosa ou pastosa sem sangue, muco ou febre.
👉 A classificação da intensidade da diarreia pode variar dependendo da fonte pesquisada, mas uma classificação aceitável é a seguinte:
- Diarreia intensa – mais de 10
dejeções por dia.
- Diarreia moderada – entre
3 e 10 dejeções por dia.
- Diarreia leve – menos de
3 dejeções por dia.
O tratamento
caseiro só é aceitável nas diarreias leves ou moderadas, agudas e não
inflamatórias. Qualquer diarreia prolongada, intensa ou que contenha sangue ou
que venha acompanhada de febre alta ou outros sintomas deve ser avaliada por um
médico. Insistir no tratamento caseiro nestas situações só atrasa o
estabelecimento de um diagnóstico e a implementação de um tratamento efetivo,
facilitando o surgimento de complicações.
SINAIS E SINTOMAS QUE INDICAM GRAVIDADE DA DIARREIA
Mesmo nas
diarreias agudas e não inflamatórias, o tratamento caseiro também pode não
ser a melhor opção, caso o paciente apresente algum sinal de
gravidade. Qualquer paciente com uma das situações abaixo deve procurar
avaliação médica em vez de ficar em casa se automedicando e esperando que a
diarreia melhore:
- Diarreia intensa, com mais
de 4-5 dias de duração sem sinais de melhora.
- Diarreia moderada ou intensa com
sinais de desidratação (sede intensa, prostração, nítida redução da
produção de urina, dor de cabeça, fraqueza, tonturas e boca muito seca).
- Diarreia moderada ou intensa com
hipotensão arterial.
- Diarreia moderada ou intensa,
associada a vômitos e incapacidade de ingerir líquidos.
- Diarreia moderada ou intensa com
mais de 3 dias de evolução em pacientes idosos ou debilitados por outras
doenças.
- Qualquer diarreia em crianças
que recusam alimentação ou apresentam-se pouco ativas.
- Qualquer diarreia em crianças
com menos de 8 quilos ou 3 meses de idade.
- Qualquer diarreia com fezes
negras.
- Qualquer diarreia associada a
intensa, persistente e intrátavel dor abdominal ou retal.
OPÇÕES DE TRATAMENTO CASEIRO PARA DIARREIA
Felizmente,
a maioria das diarreias é de intensidade leve a moderada e não apresenta os
sinais de gravidade descritos acima. Estas podem, a princípio, serem tratadas
em casa, com as medidas simples que serão explicadas a seguir.
1- Hidratação
Em qualquer
diarreia, o principal tratamento é a hidratação, já que a desidratação
provocada pela perda de água nas fezes é a principal causa de
complicações. Soluções que contenham água, sódio e glicose são melhores do
que aquelas que água pura, pois na diarreia perdemos não só água como também
eletrólitos.
Historicamente
o soro caseiro sempre foi a forma de hidratação preferida para as diarreias.
Recentemente, porém, devido ao reconhecimento de que há frequentes erros na
hora da preparação do soro, a Organização Mundial de Saúde passou a
indicar o uso das soluções de reidratação oral previamente preparadas, que são
pequenas saquetas que já vêm com as quantidades corretas de cloreto de
sódio, glicose, potássio e citrato em pó para serem diluídos em um 1 litro
de água. Essas soluções podem ser encontradas em farmácias e postos de saúde
(costumam ser gratuitas).
Nos casos de
diarreia moderada a intensa, a reposição deve ficar entre 150 e 300 mL por
hora (entre 2,5 e 4,5 litros por dia enquanto o paciente estiver acordado) ou
10 mL por cada quilo de peso após cada evacuação (600 mL de soro após cada
evacuação em um paciente de 60 kg). Nas crianças, o recomendado é 50 mL
por quilo de peso a cada 4 horas (uma criança de 10 quilos deve consumir 500 mL
de soro a cada período de 4 horas).
Explicamos o
soro caseiro e a soluções de hidratação oral com mais detalhes no seguinte
artigo: SORO
CASEIRO – Como fazer e para que serve?
Chás,
refrigerantes, isotônicos (ex. Gatorade) e sucos de fruta não são as melhores
opções, mas podem até ser usados nos casos de diarreia leve, com pouca ou
nenhuma desidratação. Esses líquidos não são ideais porque contêm baixa
quantidade de sódio e elevada quantidade de açúcar, o que em alguns casos pode
até piorar a diarreia e causar distúrbios hidroeletrolíticos no sangue,
principalmente se o quadro de derreia for moderada ou intensa, e
a reposição com esses líquidos for elevada.
A melhor
forma de controlar a hidratação é através da urina. O objetivo é manter um bom
débito urinário, com uma urina de coloração clara.
Manter-se
hidratado durante um quadro de diarreia já é mais que meio caminho andado para
ultrapassar a doença sem complicações. Em muitos casos, é a única medida
necessária.
Os pacientes
que apresentam vômitos e não conseguem se hidratar adequadamente, a melhor tática é consumir
pequenos volumes de cada vez, mas com grande frequência, de forma a não
distender o estômago, que é um dos fatores que estimula o reflexo do vômito. Se o
paciente com vômitos e diarreia não consegue se hidratar, o tratamento caseiro
deve ser abortado e um médico precisa ser consultado.
2- Dieta
Um dos
grandes mitos em relação ao tratamento caseiro da diarreia é orientação de
manter jejum ou consumir o mínimo possível de alimentos, limitando-se a umas
poucas bolachas de água e sal. Não há nada
de errado com as bolachas de água e sal, elas são até uma boa opção para o
paciente que também apresenta vômitos e não consegue consumir alimentos
adequadamente. Porém, se o paciente tiver apetite, ele não
só pode, como deve tentar manter uma alimentação normal,
evitando apenas gorduras, alimentos ricos em açúcar e derivados de leite (leite
materno não tem problema!). A alimentação ajuda a recuperar as células da
parede intestinal que estão inflamadas e reduz o tempo de doença.
Algumas boas
opções de comida durante a diarreia são: batatas, macarrão (sem molhos
gordurosos), arroz, trigo, aveia, bolachas com sal, torradas, bananas,
sopas, legumes cozidos, frango ou peixe grelhado. Nas crianças que ainda mamam,
o leite materno é uma ótima forma de hidratação. Nos adultos que querem beber
leite, a versão sem lactose pode ser tentada.
Cafeína e
álcool devem ser evitados, pois podem agravar a diarreia.
Na Internet
é possível encontrar dezenas de receitas de sucos, chás e misturas que supostamente
são bons para controlar a diarreia. Nenhuma dessas “dicas” possui embasamento
científico. Não há nenhuma evidência sólida de que algum alimento, ou conjunto
de alimentos, possa ser usado especificamente para curar uma diarreia. As
diarreias curam-se sozinhas, a maioria delas dentro de 3 ou 4 dias. O que você
precisa é se alimentar com uma dieta que, além de hidratar, não irrite o
intestino e não contenha nutrientes que são difíceis de serem absorvidos
durante um quadro de diarreia, como o leite, por exemplo.
3- Probióticos
Os
probióticos (não confundir com antibióticos) são medicamentos que contêm
bactérias não patogênicas, que ajudam na recolonização da flora
intestinal. Os probióticos que contêm Lactobacillus ou Saccharomyces
boulardii apresentam evidências científicas de serem eficazes na redução
do tempo de duração das diarreias, principalmente nas crianças.
O
probióticos não são exatamente um “medicamento caseiro”, mas como eles podem
ser comprados sem receita médica e praticamente não possuem efeitos colaterais
relevantes, acabamos por incluí-los neste artigo.
O QUE NÃO FAZER NO TRATAMENTO CASEIRO
1- Antidiarreicos
Muitos
pacientes têm em sua farmácia caseira medicamentos que inibem a motilidade
intestinal e são capazes de interromper os quadros de diarreia. O mais famoso
deles é a loperamida, cujo nome comercial mais conhecido é Imosec.
Apesar de
ser um antidiarreico bastante efetivo, o que a loperamida faz, na verdade, não
é interromper a diarreia, mas sim impedir a peristalse do intestino. Isso
significa que o paciente continua perdendo líquidos para o intestino, a única
diferença é que as fezes líquidas não são eliminadas porque o intestino parou
de se contrair. A diarreia fica “estacionada”, à espera da melhora clínica e da
recuperação da capacidade dos intestinos de reabsorver água.
Esse efeito
na motilidade intestinal traz três consequências potencialmente perigosas,
caso o medicamento não seja utilizado de forma criteriosa:
1- Uma das
funções da diarreia é eliminar microrganismos e toxinas presentes nos
intestinos. Se você subitamente interrompe o funcionamento do intestino e
interrompe as evacuações, essas toxinas e microrganismos vão permanecer e se
acumular dentro dos seus intestinos, prolongando o tempo de doença e aumentando
os riscos de complicações.
2- O
paciente continua a perder líquidos para os intestinos, mas como não evacua,
ele não nota essa perda. A falsa sensação de cura da diarreia leva o paciente a
consumir menos líquidos, o que aumenta o risco de desidratação.
3- A interrupção
da peristalse pode levar ao acúmulo de fezes nos intestinos e consequente
dilatação do mesmo, provocando o que chamamos de megacólon (efeito colateral
raro).
Portanto, a
loperamida não deve ser considerada como parte do tratamento caseiro das
diarreias. O seu uso pode ser indicado, mas o correto é que o paciente só tome
este medicamento após criteriosa avaliação médica. A automedicação com esse
fármaco não é segura.
2- Antibióticos
Os
antibióticos só estão indicados em um percentual pequenos dos casso de
diarreia. Na maioria dos casos, os antibióticos não só são ineficazes, como
ainda podem perpetuar a diarreia ou provocar complicações.
Se você tiver antibióticos guardados em casa, não os utilize para tratar uma diarreia sem autorização médica.
Se você tiver antibióticos guardados em casa, não os utilize para tratar uma diarreia sem autorização médica.
Fonte: MD Saúde - Dr Pedro Pinheiro
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